terça-feira, 6 de março de 2007

Para ler. E só.

E há quem insista em ser todo texto, chato....

Quem agüenta tudo isso ??

Dizem que todos os dias você deve comer uma maçã por causa do ferro.
E uma banana pelo potássio.
E também uma laranja pela vitamina C.
Uma xícara de chá verde sem açúcar para prevenir a diabetes.

Todos os dias deve-se tomar ao menos dois litros de água.
E uriná-los, o que consome o dobro do tempo.
Todos os dias deve-se tomar um Yakult pelos lactobacilos (que ninguém sabe bem o que é, mas que aos bilhões, ajudam a digestão).
Cada dia uma Aspirina, previne infarto.
Uma taça de vinho tinto também.
Uma de vinho branco estabiliza o sistema nervoso.
Um copo de cerveja, para... não lembro bem para o que, mas faz bem.
O benefício adicional é que se você tomar tudo isso ao mesmo tempo e tiver um derrame, nem vai perceber.

Todos os dias deve-se comer fibra.
Muita, muitíssima fibra.
Fibra suficiente para fazer um pulôver.

Você deve fazer entre quatro e seis refeições leves diariamente.
E nunca se esqueça de mastigar pelo menos cem vezes cada garfada.

Só para comer, serão cerca de cinco horas do dia...
E não esqueça de escovar os dentes depois de comer.
Ou seja, você tem que escovar os dentes depois da maçã, da banana, da laranja, das seis refeições e enquanto tiver dentes, passar fio dental, massagear a gengiva, escovar a língua e bochechar com Plax.
Melhor, inclusive, ampliar o banheiro e aproveitar para colocar um equipamento de som, porque entre a água, a fibra e os dentes, você vai passar ali várias horas por dia.


Há que se dormir oito horas por noite e trabalhar outras oito por dia, mais as cinco comendo são vinte e uma.
Sobram três, desde que você não pegue trânsito.

As estatísticas comprovam que assistimos três horas de TV por dia. Menos você, porque todos os dias você vai caminhar ao menos meia hora (por experiência própria, após quinze minutos dê meia volta e comece a
voltar, ou a meia hora vira uma).

E você deve cuidar das amizades, porque são como uma planta: devem ser regadas diariamente, o que me faz pensar em quem vai cuidar delas quando eu estiver viajando.
Deve-se estar bem informado também, lendo dois ou três jornais por dia para comparar as informações.
Ah! E o sexo !
Todos os dias, tomando o cuidado de não se cair na rotina.
Há que ser criativo, inovador para renovar a sedução.
Isso leva tempo e nem estou falando de sexo tântrico.

Também precisa sobrar tempo para varrer, passar, lavar roupa, pratos e espero que você não tenha um bichinho de estimação.
Na minha conta são 29 horas por dia.

A única solução que me ocorre é fazer várias dessas coisas ao mesmo tempo!!!
Por exemplo, tomar banho frio com a boca aberta, assim você toma água e escova os dentes. Chame os amigos junto com os seus pais.
Beba o vinho, coma a maçã e a banana junto com a sua mulher na cama.

Ainda bem que somos crescidinhos, senão ainda teria um Danoninho e se sobrarem 5 minutos, uma colherada de leite de magnésia.
Agora tenho que ir...
É o meio do dia, e depois da cerveja, do vinho e da maçã, tenho que ir ao banheiro.
E já que vou, levo um jornal...
Tchau....
Se sobrar um tempinho, me manda um e-mail.
(Texto atribuído, em e-mail, ao Veríssimo. Não sei se procede, mas ainda assim é muito bom)

Violência: aula e cidadania

Um dos muitos desdobramentos do caso do garoto João Hélio Fernandes foi o caso ter ido parar em sala de aula. Inevitável. Para ampliar o debate e inserir os alunos no processo de opinar e agir sobre o assunto, criamos uma aula com os seguintes passos:

Aula 1 - Tema: Redução da maioridade penal

Entrega de textos sobre a morte do garoto João Hélio Fernandes e análises publicadas em jornal sobre a redução da idade penal

Discussão em sala de aula, com anotação dos diversos pontos de vista e posicionamentos a respeito da proposta de alteração na Constituição

Definição dos grupos de trabalho e escolha do(s) aluno(s) responsável(is) por levantar contatos (jornalistas, políticos, etc)


Aula 2

a) Reunião das equipes em sala de informática
b) Cada equipe (duas a três pessoas) desenvolveu um texto com argumentos e contra-argumentação a respeito do tema.
c) A seguir, o material foi transformado em texto em prosa, com no máximo 15 linhas, no qual a equipe deve deixar claro sua opinião a respeito do tema “Redução da maioridade penal”. Deve ser dado um nome a esse arquivo.
d) Os responsáveis por listar parlamentares e outros profissionais ligados ao tema se encarregaramm de enviar, via e-mail, texto com as opiniões emitidas pelos alunos.
e) As respostas recebidas foram encaminhadas aos alunos.

Regras
- Não seriam aceitos textos com teor discriminatório de qualquer tipo (raça, posições socioeconomicas, etc)
- Os textos deveriam seguir a norma culta da língua portuguesa
- Mesmo sendo enviados via internet, os textos deverão seguir a norma de textos impressos, sem gírias, expressões próprias da web, etc
- Não seriam aceitos textos com palavrões

O resultado, incluindo a carta de abertura do material enviado a todos os deputados federais eleitos por São Paulo e jornalistas pode ser lido aqui.

(Aula aplicada em duas classes de Terceiro Ano do Ensino Médio no Colégio Academia, em Jaú/SP)

Que jornal o leitor quer?

O texto abaixo veio do Ex-Blog, do César Maia. Dá o que pensar sobre imprensa, ideologia, mercado e pauta.
Para ler mais do Ex-Blog clique aqui.


A LÓGICA DOS JORNAIS POPULARES PREVALECE!
>
>01. Os jornais populares certamente não são novidade no Brasil. Especialmente no Rio, ex-capital do Brasil. Em 1937 o jornal A NOTÍCIA já começava a fazer sucesso com os escândalos e violência na capa. Tanto sucesso que Ademar de Barros o comprou nos anos 40. Em 1955 Ademar ganhou a eleição para presidente no Rio-DF. Tenório Cavalcanti, com seu jornal Luta Democrática, acentuando as marcas de sangue na capa, passou a ser o deputado mais votado do antigo Estado do Rio e quando se candidatou em 1960 a governador da Guanabara obteve espantosos 20% dos votos, ganhando de Lacerda -UDN- e Sergio Magalhães -PTB- nas favelas e áreas mais pobres. Chagas Freitas "herdou" o sistema de Ademar quando este foi para a Bolívia em função de um mandado de prisão. Mudou o título principal e fundou uma máquina eleitoral poderosa no Rio.
>
>02. Passou ao folclore do jornalismo a escolha das manchetes daqueles jornais de forma a marcar o sensacionalismo e a dupla interpretação. Mas os jornais populares anteciparam a TV no sentido de que se vendem na banca e tem que renovar a audiência todos os dias. Por isso a importância da capa, das fotos e das manchetes.
>
>03. Mas não é só isso. Antecipou as notas curtas e matérias comprimidas. Chagas Freitas ao receber um estagiário, filho de um deputado, pediu que ficasse de pé e lesse o jornal. O estagiário abriu o jornal e iniciou o leitura. Chagas pediu que colocasse um dos braços para o alto como se estivesse segurando-se num trem e continuasse a ler. O estagiário dobrou o jornal. Em seguida Chagas pediu que ele se balançasse como se estivesse num trem. A resultante foi dobrar o jornal numa oitava, de forma a segurá-lo na mão e ler. Chagas concluiu: -Se o que você escrever passar disso, ninguém vai ler.
>
>04. A TV só veio a reforçar a importância da imagem, dos textos curtos e do sensacionalismo. E mais ainda: trouxe a violência para o horário nobre. Nos anos 50 os jornais de leitura da classe média jogavam para páginas bem interiores o noticiário policial e só traziam para a primeira página os fatos de grande repercussão, quase como novela e sempre que envolvesse a alta classe média.
>
>05. O fato é que a TV -com sua linguagem de imagens e seus textos mínimos e fatiados- impôs a lógica da imprensa popular a todos. Surgem as colunas -pequenas notas para serem lidas como se fossem matérias. As fotos passam a ser mais importantes que as matérias. As manchetes devem ser "seriamente escandalosas". O esporte ganhou status e dispensou os jornais especializados. Anos atrás um senador sênior respondia a um diretor de jornal: - Podem escrever o que quiserem de mim. Mas por favor, ponham uma foto boa!
>
>06. O crescimento avassalador dos jornais gratuitos, especialmente vendidos em metrô e trem, dizem tudo quanto ao método. Vinte Minutos é um sucesso na França. É o tempo médio de deslocamento e deve ser preparado -formato e forma das matérias- para uma leitura rápida. O USA TODAY fez escola anos atrás e construiu a ponte entre os jornais populares tradicionais e a adaptação dos jornais de classe média.
>
>07. Hoje os jornais populares no Brasil caminham a passos largos para serem grátis ou quase grátis ou percebidos como tais. Super Notícias em Minas Gerais, disparado o de maior circulação lá, tem preço de capa de 25 centavos.
>
>08. Curiosamente no Rio os jornais tipicamente populares tem uma circulação de mais de duas vezes a dos de S. Paulo, apesar da população metropolitana ser muito menor do que de SP. E esse mercado abalou os jornais tradicionais de classe média, que hoje são desenhados e editados com a mesma lógica dos jornais populares -todos- com caráter cada vez mais local, com exponenciação de imagens do cotidiano, com qualquer violência na capa... Claro, tudo "seriamente escandaloso".
>
>09. Em Minas esse processo é explícito. Os tablóides do Sul chegaram ao mesmo porto. No nordeste este Ex-Blog sem leitura diária, não deve opinar... ainda. Em SP os dois grandes jornais resistem à lógica dos populares. Ainda. O Estadão mais que a Folha. A baixa venda em bancas e a quase totalidade por assinaturas ajuda. A pressão -digamos de mercado- é grande.
>
>10. Com um baixo índice de leitores de jornais, a lógica dos jornais populares é irresistível. Mesmo no caso dos jornais de assinantes, pois seus leitores demandam na lógica da TV e querem respostas -e formas- semelhantes para renovarem a assinatura. Não cabe valorar esse processo. Seria como pensar a TV de outra maneira, o que é impossível hoje. O esperado é que em breve -com maquiagem ou vestuário distintos- todos os jornais no Brasil sejam "populares". Em outros países, com base de leitores mais ampla, sobra espaço para os jornais de classe média, de opinião e informação priorizada.
>
>11. Por sorte há uma diferença em relação ao passado: -os jornais populares -talvez pela presença da mesma linguagem na TV- não são mais máquinas eleitorais.