quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Cantiga do Itororó

Sobre a indicação de leitura da coluna Toda Palavra publicada em 12.agosto:


Em versão mais moderna, esta é a letra com que é cantada pelas crianças brasileiras, enquanto formam uma roda ao redor de uma menina. Na terceira estrofe, o nome Maria/Mariazinha pode ser substituído pelo da criança que está no centro (ou fora) da roda. A última estrofe é cantada pela criança no centro da roda, substituindo o nome Chico pelo de qualquer outra criança escolhida para sair da roda e ficar na área central:


Eu fui no Itororó
Beber água e não achei
Encontrei bela morena
Que no Itororó deixei
Aproveita minha gente
Que uma noite não é nada
Se não dormir agora
Dormirá de madrugada
Ó dona Maria
Ó Mariazinha
Entrará na roda
E ficará sozinha
Sozinha eu não fico
Nem hei de ficar
Porque tenho o Chico
Que será meu par

O escritor Veríssimo de Melo, de Natal/RN, registra em sua obra Folclore Infantil (Editora Itatiaia Ltda., Belo Horizonte/MG, volume 20 da Biblioteca de Estudos Brasileiros, cerca de 1981) diversas variantes da letra, recolhidas em vários pontos do Brasil. No Ceará, por exemplo, uma variante da letra usa o nome Itararé.

Veríssimo de Melo relaciona Itororó com o ribeirão homônimo, palco de grande batalha em 6/12/1868 entre as tropas do Brasil e do Paraguai. Para isso, ele se baseia numa versão recolhida em Santa Catarina, em que aparecem os nomes do famoso general Pedro Juan Caballero e do major Moreno, que controlava a artilharia, impedindo a passagem da ponte de Itororó, provocando muitas mortes e assim ensangüentando as águas do ribeirão - daí a alusão de não se achar água para beber. O último verso seria uma reminiscência da frase latina "Veni, vidi, vinci" dita por Júlio César ao Senado de Roma. Esta é a versão catarinense:


Eu fui lá no Tororó
Beber agua e não achei,
Ver Moreno e Caballero
Já fui, já vi, já cheguei

O autor registra ainda que Frei Pedro Sinzig (O Brasil Cantando, Ed. Vozes, Petrópolis/RJ, 1938) comenta ter o compositor Luiz Heitor se surpreendido em notar que o motivo musical conhecido da ópera O Guarany, de Carlos Gomes, ser o mesmo desta canção, não sabendo dizer qual originou qual.

Para ler o original, clique aqui

Um comentário:

diman disse...

oi rodrigo, tudo bom?
eu li sua matéria no comércio e vim ver seu blog, eu não sabia que você tinha um hehe
o seu blog ta bem legal, parabéns
eu não sei se vc lembra de mim por nome, mas eu sou o Rafael Diman, um ex aluno seu lá da Academia.
eu to fazendo um blog também, se quiser dar uma olha o endereço http://informanterd.blogspot.com
abraços e tudo de bom